quarta-feira, 4 de novembro de 2009

POLUIÇÃO DO MAR


"Se bem que em relação aos rios já possamos encontrar exemplos de como as medidas tomadas conduziram em alguns casos a um regresso da vida a áreas nas quais havia sido destruída, no mar as perspectivas são outras. A juntar ao facto de que não só os resíduos directos poluem as águas marinhas, mas que o vento e a chuva os levam até ali desde zonas distantes, a falta de legislação ou de medidas eficazes para obrigar ao cumprimento da existente, e a crença de que é um “bem” comum à disposição de toda a humanidade, conduziu a que os menos escrupulosos tenham interpretado esta crença de forma muito particular. Quando as leis de um país impedem a destruição de resíduos tóxicos nas águas da sua jurisdição, os responsáveis de numerosas indústrias que o mar é património comum, que a sua infinita capacidade de regeneração é infinita e que não existe legislação que os impeça de despejar toneladas de substâncias nas águas. Muitas dessas substâncias têm um tal grau de toxicidade que, mesmo em concentrações muito baixas, são suficientes para matar toda a forma de vida. As pretendidas medidas de segurança e os sofisticados meios técnicos utilizados não deixam de esconder uma ignorância profunda sobre os ciclos naturais, o curso das correntes marinhas e a capacidade de regeneração do meio. Poucos anos depois de se terem deitado ao mar tambores com resíduos radioactivos em condições “que garantiam uma segurança total e eliminavam a mais remota possibilidade de fuga radioactiva”, encontravam-se os restos desses tambores em zonas afastadas das cavidades onde haviam sido deitados e detectaram-se grandes gretas e roturas em muitos outros. Estes são só alguns exemplos da inconsciente e catastrófica alteração humana das águas, um bem comum que é património do homem bem como dos restantes seres vivos do planeta."   



In Gande Enciclopédia das Ciências, 1998